Pitiríase Versicolor

Pitiríase Versicolor

Publicado em 28 de abril de 2015

Atlas de Imagens

Pitiríase versicolor (PV) é infecção fúngica superficial produzida pela levedura Malassezia furfur (Mf), de evolução crônica e incidência universal, porém maior nas regiões tropicais, com prevalência de até 40% da população, contra apenas 1-4% em zonas temperadas.

O fungo, sob duas formas leveduriformes historicamente designadas comoPityrosporum ovale e Pityrosporum orbiculare, faz parte da microflora normal da pele na maioria dos indivíduos, iniciando-se a colonização por volta da segunda infância e na pré-adolescência até atingir cifras próximas de 100% nos adultos. Sendo lipofílico obrigatório, é principalmente encontrado nos óstios foliculares de áreas ricas em glândulas sebáceas. Sua transformação para a fase miceliana, produzindo PV, é determinada por diversos fatores, entre os quais climáticos (temperatura e umidade elevadas), genéticos, hiperidrose, pele oleosa, alterações do sistema imunológico (enfermidades sistêmicas, má-nutrição, uso de corticóides e imunossupressores) e utilização de óleos sobre a pele.

A fase leveduriforme predomina sob condições de saprofitismo, e tem sido implicada em um espectro de outras doenças cutâneas, como a foliculite por Malassezia, dermatite seborréica, psoríase e dermatite atópica. A hipopigmentação das lesões cutâneas poderia se dever: ao não-recebimento de luz pelo fato dos fungos funcionarem como um anteparo físico; inibição da tirosinase ou a uma ação tóxica diteta direta sobre os melanócitos, dependente de ácidos dicarboxílicos (ác. azeláico) produzidos pela levedura.

Manifestações clínicas: Consiste de lesões hipocrômicas, pardacentas ou eritematosas, bem delimitadas, pequenas, eventualmente com discreto relevo, isoladas ou coalescentes, com descamação furfurácea localizadas principalmente no tronco, partes proximais dos membros e no pescoço. A localização preferencial se dá na parte superior do tronco, região rica em glândulas sebáceas. Há casos em que predominam lesões gotadas, com distribuição folicular e perifolicular, em geral extensas e particularmente rebeldes ao tratamento. Lesões na face ocorrem mais nas regiões tropicais, bem como em lactentes.

Na maioria das vezes, razões puramente estéticas motivam a consulta, pois as áreas afetadas não bronzeiam. Entretanto, alguns pacientes queixam-se de prurido, sobretudo relacionado com sudorese, principalmente aqueles com lesões extensas. O diagnóstico diferencial é feito, principalmente, com eczemátide e vitiligo.

Diagnóstico: Em geral não oferece dificuldade nos casos típicos. Melhor visualização das escamas é conseguida estirando-se a pele (sinal de Zileri) ou curetando-se as lesões (sinal da unha). Complementa-se o exame clínico com observação à luz de Wood, sob a qual as lesões mostram fluorescência amarelo-ouro ou rósea-dourada. Este procedimento permite avaliar a extensão do processo.

Para exame micológico direto, são colhidas escamas com fita adesiva transparente. O material é aposto sobre lâmina e examinado ao microscópio sem qualquer clarificação ou uso de corante (método de Jarbas Porto). Obtêm-se melhores imagens em escamas obtidas da raspagem das lesões clarificadas pelo KOH a 10-20%, com ou sem adição de dimetil-sulfóxido (DMSO) ou de corante (por exemplo, tinta Parker azul-preta permanente). O encontro de blastoconídios em cachos de uva e filamentos micelianos curtos confere positividade ao exame.

Tratamento e prognóstico: Recomenda-se tratamento tópico isolado por 3-4 semanas na maioria dos casos, utilizando-se veículos de preferência não-gordurosos, como loções, géis e xampus. São indicados os derivados azólicos, ciclopirox olamina, sulfeto de selênio (2%), hipossulfito de sódio (20-40%), piritionato de zinco, ácido salicílico, propilenoglicol (solução aquosa a 50%) ou o peróxido de benzoíla, entre outros. Deve-se recomendar ao paciente que estenda a aplicação a todo o tronco, pescoço e raízes dos membros, mesmo quando pequenas áreas se encontrarem envolvidas.

O tratamento sistêmico se aplica a casos extensos, infecção recorrente ou quando agentes tópicos são mal tolerados. Utilizam-se cetoconazol (200mg/dia, durante 10dias), itraconazol (duas tomadas de 100mg por dia, durante 5 dias) ou fluconazol (dose única de 400mg).
Tendo em vista as recidivas, recomenda-se tratamento profilático com xampus antifúngicos ou trata-se na medida que apareçam. A hipopigmentação pode persistir por vários meses antes de involuir.

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